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Sexta, 01 Abril 2022 00:48

'O olhar criminológico revela que a violência está ligada a muitos fatores’, afirma Ellen Rodrigues

Ellen Rodrigues Ellen Rodrigues

Organizadora da coletânea A escalada da violência em Juiz de Fora, a advogada Ellen Rodrigues, membro da Comissão de Criminologia do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), falou sobre a obra lançada nesta quinta-feira (31/3), no webinar Saindo do Prelo. “O livro é fruto de uma longa e profunda pesquisa que revelou, ao contrário do que o título provocativo indica, que a cidade mineira não sofreu a escalada de violência alardeada pela mídia no período estudado, de 2011 a 2018, mas uma onda de crimes entre muitas outras que já ocorreram em Juiz de Fora”, afirmou a criminóloga. A respeito da importância da pesquisa, Ellen Rodrigues disse que “o olhar criminológico revela que a violência está ligada a muitos fatores, como, por exemplo, falhas nas políticas públicas”.

Transmitido pelo canal TVIAB no YouTube, o webinar foi aberto pela presidente nacional do IAB, Rita Cortez, que ressaltou o fato de ter sido o último dos diversos dedicados pela entidade no mês de março a questões femininas. “Realizamos grandes eventos sobre assuntos de profundo interesse das mulheres e da sociedade brasileira”, destacou a presidente. Os debates foram mediados pela diretora de Biblioteca e presidente da Comissão de Criminologia, Marcia Dinis. “O livro é uma grande obra lançada neste momento de escalada, esta sim, de violação dos direitos humanos e do estado democrático de direito no País, contra a qual continuaremos resistindo”, disse Marcia Dinis. Ao final do evento, dois exemplares do livro foram sorteados entre os participantes do webinar. 

Ellen Rodrigues disse que a pesquisa se debruçou sobre a formação do município, nascido no século XIX. “Recompusemos a historiografia da cidade e constatamos que Juiz de Fora, até por conta da sua posição geográfica no eixo Rio, São Paulo e Belo Horizonte, foi uma das cidades do País que, no século XIX, na transição do Império para a República, reuniu os maiores números referentes a escravos, produção cafeeira, capital em circulação e volume demográfico, ou seja, um grande potencial de industrialização”, relatou. 

 

A partir do alto à esquera, no sentido horário, Cristina Zackseski, Marcia Dinis, Ellen Rodrigues, Maria Nazareth da Penha Vasques Mota, Monique Cruz e Rita Cortez

 

Grupos vulneráveis – Segundo a criminóloga, desde então, Juiz de Fora passou por um processo de urbanização desordenado. “A favelização da cidade, a construção de espaços pauperizados e a remoção violenta de populações dos seus locais de moradia são alguns dos fatores que contribuíram para que essas áreas se tornassem as com maiores níveis de violência”, afirmou. Em sua análise, ela acrescentou: “Ao mesmo tempo, as ações do poder público nessas áreas têm sido somente de punitivismo e controle social, além de desacompanhadas de programas de prevenção e políticas afirmativas para os grupos vulneráveis”. De acordo com Ellen Rodrigues, em 2018, verificou-se uma redução dos números crescentes dos anos anteriores.

No debate após a apresentação da obra pela organizadora da coletânea, a 2ª vice-presidente da Comissão de Criminologia, Fernanda Prates, classificou o livro como “uma pesquisa histórica importantíssima para a análise criminológica”. A professora associada da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança (Nevis), Cristina Zackseski, disse que “a obra apresenta de forma cirúrgica todos os elementos envolvidos no fenômeno da violência”. 

A debatedora Monique Cruz, membro do Grupo de Pesquisa Sociabilidades Urbanas Espaço Público e Mediação de Conflitos – Estado e Sociedade (GPSEM/PPGSS), falou que “o livro ganha uma importância ainda maior nesse momento em que o País vive um processo de  desconstrução de políticas públicas”. Para Maria Nazareth da Penha Vasques Mota, membro da Comissão de Criminologia, “as condições urbanas, conforme demonstrado no livro, têm uma relação direta com a exclusão social e a política massiva de encarceramento”.

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