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Quinta, 03 Julho 2025 23:22

Pesquisa inédita mostra que cooperativismo brasileiro começou no meio urbano, durante o Império 

Da esq. para a dir., Carlos Ziller Camenietski, Paulo Renato Fernandes, Adriana Amaral dos Santos, Rita Cortez e Carmen Lucia Tavares Felgueiras Da esq. para a dir., Carlos Ziller Camenietski, Paulo Renato Fernandes, Adriana Amaral dos Santos, Rita Cortez e Carmen Lucia Tavares Felgueiras

O cooperativismo brasileiro não começa no setor agrário, como era concebido entre membros desse campo. Ele teve início, na verdade, ainda no período do Brasil Imperial e tinha características urbanas. A revelação é explicada em pesquisa inédita feita pela integrante da Comissão de Direito Cooperativo do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) Adriana Amaral dos Santos e publicada no livro Cooperativismo: recepção, circulação e construção das ideias cooperativistas no Brasil Império. Nesta quinta-feira (3/7), a obra foi lançada no plenário histórico da entidade com a presença de juristas e convidados.

“São anos lendo sobre esse setor e todos os livros diziam que a primeira cooperativa no Brasil começa em 1889 ou 1890. São obras que, via de regra, tratam muito bem do cooperativismo, mas não têm a história como objetivo principal“, apontou a autora. Em sua pesquisa, Adriana Amaral dos Santos revela que intelectuais e políticos brasileiros do século XIX já defendiam, em discursos parlamentares, os princípios de organização autônoma e solidariedade.

O livro lançado no Instituto ainda resgata autores fundamentais para a compreensão da gênese do pensamento cooperativista, como Saint-Simon, Robert Owen e Charles Fourier. Outro destaque da obra é o levantamento de cooperativas efetivamente constituídas no período imperial, como a Sociedade Cooperativa de Consumo, autorizada por decreto em 1876 e estruturada no modelo de “um voto por pessoa”, prática ainda hoje considerada base da governança cooperativista. 

Carolina Lima

A abertura do evento foi conduzida pela diretora de Eventos do IAB, Carolina Lima, que destacou a importância do projeto Saindo do Prelo – através dele, livros com temas relevantes do Direito são apresentados à comunidade jurídica. Ela afirmou que, em sua opinião, os eventos desse selo são os mais importantes da Casa de Montezuma. A presidente nacional da entidade, Rita Cortez, contou que o Instituto tem pensado em expandir os lançamentos para obras produzidas mesmo por autores não associados à instituição. “Queremos fazer a nossa parte para difundir ainda mais cultura e educação jurídica”, disse.

Da esq. para a dir., Carlos Ziller Camenietski, Paulo Renato Fernandes, Adriana Amaral dos Santos e Carmen Lucia Tavares Felgueiras

Presidente da Comissão de Direito Cooperativo do IAB, Paulo Renato Fernandes ressaltou a qualidade do livro lançado e falou da importância do resgate do passado na construção do pensamento jurídico contemporâneo. “Essa pesquisa é muito relevante por ir nas bases teóricas daqueles que forjaram a construção do cooperativismo no Brasil. O trabalho do livro preenche um vácuo de conhecimento sobre a nossa história de forma sólida”, afirmou ele.

O evento também contou com a participação da doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Carmen Lucia Tavares Felgueiras e do doutor em Filosofia pela Université Paris-Sorbonne Carlos Ziller Camenietski.

Ao elogiar a pesquisa, Carmen Lucia Tavares Felgueiras afirmou que a autora achou uma brecha no senso comum a respeito das cooperativas brasileiras para desenvolver um trabalho de peso. “Ela é uma pesquisadora nata, obstinada e disciplinada. Através da pesquisa nos arquivos, realizada na pandemia, inclusive, Adriana encontrou um material vasto que sustenta a hipótese levantada por ela”, completou.

Carlos Ziller Camenietski enfatizou que a iniciativa da autora de pesquisar o tema é de grande importância para o Direito. “A ideia da cooperação e da própria vida em sociedade nos constitui e não há como escapar disso. Não existe um sujeito isolado, precisamos ter isso em mente”, afirmou o convidado. 

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