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Quinta, 13 Abril 2023 23:03

Estado de exceção sem prazo de término é ditadura, diz professor de Direito

Da esq. para a dir., Pedro Hermílio Castelo Branco, Marcia Dinis, Carina Gouvêa e Sérgio Sant’Anna Da esq. para a dir., Pedro Hermílio Castelo Branco, Marcia Dinis, Carina Gouvêa e Sérgio Sant’Anna

“O estado de exceção foi pensado para ser provisório. Quando ele tem seu prazo temporal de forma indeterminada já não estamos mais no limite da democracia, então adentramos ao campo da ditadura”, disse o professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Pedro Hermílio Villas Bôas Castelo Branco. Ele esclareceu, durante o lançamento do livro Estado de exceção, populismos e a militarização da política na pandemia da Covid-19, ocorrido no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) nesta quinta-feira (13/4), que o mecanismo deve estar vinculado a uma ideia de democracia militante porque ele a protege. 

Pedro Hermílio Castelo Branco

O evento foi aberto pela 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, e também teve a participação da membro das Comissões de Direito Constitucional e de Direitos Humanos do Instituto Carina Barbosa Gouvêa, da vice-presidente da Comissão de Defesa da Democracia e da Liberdade de Imprensa do IAB, Margarida Pressburger, e do consócio Sérgio Sant’Anna. A mediação do lançamento foi feita pela diretora de Biblioteca do Instituto, Marcia Dinis, que destacou a urgência do debate sobre a preservação da democracia. “O livro é leitura obrigatória para quem deseja compreender os desafios para a salvaguarda de direitos fundamentais em meio às crises democráticas enfrentadas em todo o mundo”, disse a diretora. 

Os coordenadores da obra, Pedro Hermílio Castelo Branco e Carina Gouvêa, lembraram que a coletânea conta com artigos de 25 autores, nacionais e internacionais, que investigam desafios do Direito no enfrentamento de diversas crises atuais, como as sanitárias, econômicas e ambientais. De acordo com Carina, uma das questões que o livro se propõe a responder é a possibilidade de o estado de exceção iniciado na crise pandêmica ter potencializado a legitimação de um regime político populista nas democracias. As pesquisas que se debruçam sobre a questão foram realizadas a partir de debates do grupo de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que a coordenadora conduz. 

Carina Gouvêa

Carina Gouvêa acredita que o mecanismo em questão ampliou o caráter nebuloso do que foi construído, na verdade, para guardar o caráter constitucional do Estado. “O estado de exceção acabou servindo, no campo da pandemia da Covid-19, para ampliar espectros de poder de governanças autoritárias”, disse a professora, citando o exemplo da Hungria, onde o período emergencial foi decretado por um governo ultranacionalista como forma de manutenção do regime. “A execução do estado de exceção afeta atividades econômicas, políticas, civis e institucionais de um País”, ressaltou. 

O mecanismo sobre o qual o livro se detém, segundo Pedro Hermílio Castelo Branco, é um termo guarda-chuva: “O estado de emergência de saúde pública decretado em 2020, tanto no âmbito nacional quanto internacional, é uma espécie de estado de exceção, já que há uma amplitude semântica”. Ele também esclareceu que é preciso usar ferramentas analíticas claras para entender o real princípio do instrumento. “Não se deve achar que o estado de exceção é um mal em si, porque a própria democracia precisa de mecanismos emergenciais para se defender”, afirmou. 

Margarida Pressburger

O momento histórico em que o Brasil se encontra, para Sérgio Sant’Anna, faz com que a obra seja uma contribuição acadêmica necessária. “Temos várias questões relevantes que precisam ser enfrentadas e acredito que essa obra seja muito importante para que possamos desvendar os dilemas da contemporaneidade”, disse o consócio. Outros momentos sensíveis para a política nacional foram lembrados por Margarida Pressburger, que militou contra a ditadura militar. Os tempos obscuros, segundo a advogada, retornaram em um passado recente. “Como se podia chamar de mito um cidadão louco, praticamente analfabeto?", questionou ela, em referência ao último presidente. O governo do político e sua quase reeleição, na visão de Pressburger, são uma prova de que “vivemos até hoje a mentalidade do populismo”. 

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